01/12/17

Informação e acolhimento na luta contra o HIV

O jovem Gabriel Estrela levou a sua vivência com o vírus HIV para os palcos com o espetáculo musical Boa Sorte (Foto: Taidosn Morais)

Gabriel Estrela tem apenas 25 anos, mas seu currículo já é bem extenso. Ele é ator, cantor, diretor, dramaturgo e ainda encontra tempo para tocar um canal no YouTube, o Projeto Boa Sorte. Há dois anos, ele escreveu e estreou seu primeiro espetáculo, o musical Boa Sorte. E não somente isso. Um ano depois, em 2016, Gabriel foi co-autor da série Eu só quero amar, da Rede Globo. Bem diferente do que os estigmas poderiam determinar, o jovem faz parte das 830 mil pessoas vivendo com o vírus HIV no Brasil. Sua rotina, por si só, já prova que a vida com o vírus está longe de ser um fim, muito pelo contrário. "Hoje, dá pra viver bem com o HIV, com qualidade de vida, fazendo tudo que qualquer pessoa faz", revela Gabriel.

Apesar do grande medo e preconceitos que surgiram com o HIV e a epidemia da AIDS (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida) na década de 1980, o vírus e a síndrome não são sinônimos. Apenas em estágio avançado de infecção, o HIV pode vir a se desenvolver para um quadro mais delicado, a AIDS. Em contrapartida, se for diagnosticado e tratado de maneira precoce, é possível, inclusive, reverter o avanço da infecção. Nesse ponto do tratamento, chega-se ao estágio de supressão viral, onde o vírus se torna indetectável no sangue e deixa de ser transmitido, até mesmo, sexualmente. De acordo com um relatório divulgado pelo Ministério da Saúde, das 830 mil pessoas vivendo com o vírus, mais da metade (54%) já atingiu a etapa de supressão viral. Entre eles, o próprio Gabriel.

Conscientização e acolhimento

Gabriel descobriu o HIV aos 18 anos. Apesar do impacto que uma notícia desse tipo pode ter sobre um jovem, um elemento pode fazer toda a diferença: o apoio da família e dos amigos. "Eu fiquei muito abalado com o diagnóstico, e eu não conseguia fazer isso sozinho. Desde o começo, eu fiz questão de ter uma rede de poucos amigos, mas que soubessem [do diagnóstico], que pudessem me aparar em qualquer caso", comenta.

Em seu canal no YouTube, Gabriel Estrela publica vídeos onde promove esclarecimento sobre HIV e saúde sexual, com arte, informação e acolhimento (Foto: Reprodução/Youtube)

Em seu canal no YouTube, Gabriel Estrela publica vídeos onde promove esclarecimento sobre HIV e saúde sexual, com arte, informação e acolhimento
(Foto: Reprodução/Youtube)

Atualmente, o ator se encontra em uma fase estável do tratamento do vírus. Hoje, Gabriel conta que viver com o HIV significa um exame a cada seis meses, além de uma ida ao médico semestralmente. Ao contrário da imagem normalmente construída ao longo dos anos, a medicação utilizada não é constituída de coquetéis ou dezenas de comprimidos. Atualmente, o youtuber faz uso de apenas 3 comprimidos, consumidos uma vez ao dia e que não causam efeitos colaterais importantes, principalmente pelo fato de o corpo já ter se habituado à medicação.

Boa Sorte

Em 2015, o ator lançou o espetáculo musical Boa Sorte, que surgiu a partir de uma demanda íntima de organizar esses pensamentos sobre sua vivência e de repercutir a imagem de alguém que vive com HIV mas que leva uma vida completamente normal. "Publicizar minha imagem, é publicizar o que pode ser a vida de 840 mil pessoas que vivem com HIV no Brasil, todas elas poderiam ter uma vida similar a que eu estou tendo".

Ele revela que, recentemente, fechou uma parceria e o espetáculo Boa Sorte irá circular em várias cidades do país, principalmente Sul e Sudeste. Gabriel também conta que há planos para trazer o espetáculo para o Nordeste, inclusive para a capital cearense.

Confira a entrevista* com Gabriel Estrela:

*Esta entrevista foi concedida por telefone no dia 28 de novembro de 2017.

A seção Entrevista teve produção e apresentação de Emanuel Silva, operação de áudio de José Raimundo Lustosa, orientação de Igor Vieira e Carolina Areal, coordenação de Caio Mota e direção de Nonato Lima.

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