29/09/17

Educação Sexual sem tabus

Renata Mota aposta no prazer e no autoconhecimento como aspectos-chave para uma vida sexual saudável (Foto: Divulgação)

Se normalmente quando se fala de Educação Sexual por aí, os assuntos giram acerca dos riscos e da prevenção de Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST's), Renata Mota fala de sexo a partir de uma outra abordagem, a do prazer. "Eu estou trazendo educação e saúde nessa perspectiva porque afinal de contas é o prazer que tem a ver com a questão da saúde sexual." Ela não dispensa o caráter preventivo que envolvem essas relações, contudo faz questão de ressaltar que esse é um dos aspectos a serem abordados. "Gerenciar os riscos é fundamental, é importante pautar. Mas a pauta da DST é [apenas] um dos itens da educação sexual", explica.

Cirurgiã-dentista por formação, Renata tem pós-graduação na área de saúde e sexualidade humana. A aparente distinção entre ser dentista e falar sobre sexo desperta curiosidade, que Renata responde de forma direta, "E tu não usa a boca, não?", brinca. Apesar de parecer que existe um grande abismo entre essas áreas, ela vem criando uma discussão sobre a Educação Sexual como um campo de trabalho também do dentista. Ela questiona o fato de existir uma maior disposição a conversar sobre o assunto com outros profissionais, como ginecologistas e urologistas, mas de não haver essa abordagem com o dentista, por exemplo. "Eu estou aqui pra dizer que a boca ocupa um lugar importantíssimo e já traduzido por vários autores, da boca sendo um órgão do nosso corpo que nos coloca em relação com o mundo, e uma dessas relações é, sim, o erotismo." ressalta.

Oficina do Prazer

Na Oficina do Prazer a sexóloga trabalha com o que chama de Mala do Prazer onde ela apresenta objetos sexuais adquiridos durante suas viagens pelo mundo. (Foto: Reprodução/Facebook)

Na sua oficina, a sexóloga trabalha com a Mala do Prazer em que apresenta objetos sexuais adquiridos durante suas viagens pelo mundo. (Foto: Reprodução/Facebook)

A Oficina do Prazer procura abordar essa temática de forma didática, trazendo também o aspecto sensorial. Não há contatos físicos ou atos sexuais durante o evento. Com experiência na área de saúde e prevenção de riscos e DST's, ela relata que não basta apenas dizer às pessoas que usem camisinha, é preciso fazer com as pessoas experimentem essas sensações. Dessa maneira, recursos visuais, auditivos, táteis, além dos objetos da Mala do Prazer, são trabalhados de forma pedagógica por Renata. "Então, eu não posso fazer uma palestra pura e simplesmente teórica, técnica e falar de uma coisa que mexe tanto com o nosso corpo", pontua.

Quebrando tabus

Distanciar não adianta. Renata é categórica ao afirmar que o sexo deve ser abordado em casa. Ter a iniciativa é importante, a disposição para falar do tema já é o primeiro passo para construir esse conhecimento em família. Fingir que o assunto não existe não é uma saída, aspecto que pode inclusive impedir o adolescente de desenvolver sua vida sexual e reprodutiva de forma saudável. "Se você não puxar esse assunto, não se preocupe, ele vai puxar com alguém. E seria muito melhor se fosse com você", relata. Quebrar o tabu com o próprio corpo também é uma forma de se conhecer, de pensar sobre si. Renata Mota afirma que esse autoconhecimento é uma forma, inclusive, de se aperfeiçoar. "O que eu penso sobre mim, o que eu gosto em mim. E como é que esse meu corpo se posiciona no mundo? Como é que eu sou mulher, como é que eu sou homem, tudo isso vai para a cama junto com a gente.", conclui.

Se toca! por Renata Mota

Além da Oficina do Prazer, Renata tem um canal no YouTube, o Se toca! Por Renata Mota onde aborda sexualidade e prazer de forma didática e descontraída. Ela conta que também está preparando o Se toca! O Show e que divulgará os detalhes em seu perfil do Instagram e em sua página no Facebook.

Ouça a entrevista* na íntegra:

*Essa entrevista foi concedida nos estúdios da Rádio Universitária FM no dia 20 de setembro de 2017

A seção Entrevista teve produção e apresentação de Emanuel Silva, operação de áudio de José Raimundo Lustosa, orientação de Igor Vieira e Carolina Areal, coordenação de Caio Mota e direção de Nonato Lima.

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