Silvero Pereira e sua personagem Gisele Almodóvar (Créditos: Leonardo Pequiar, Andrei Bessa e Sol Coelho)
No ano passado, uma pesquisa da ONG Transgender Europe (TGEU), rede europeia de organizações que apoiam os direitos da população transgênero, apontou o Brasil como o país que mais mata travestis e transexuais no mundo. Dados coletados entre janeiro de 2008 e março de 2014 registraram 604 mortes no território nacional.
Diante dessa informação alarmante, o Coletivo As Travestidas surge como grupo de resistência e provocação social. Resultado de uma pesquisa de 14 anos sobre o universo de travestis e transformistas, o grupo teatral cearense busca entreter e fazer o público pensar e problematizar a temática trans.
Na Entrevista desta semana*, conversamos com Silvero Pereira, ator idealizador e mentor d'As Travestidas. Na conversa, Silvero fala sobre o seu descobrir-se artista e a importância de enxergar o teatro como escola e meio de transformação social.
Para Silvero, o teatro é muito mais que entretenimento. "Eu sempre acreditei no teatro como instrumento de questionamento, de provocação social. Eu entrei no teatro exatamente pensando nisso. Eu acredito que o teatro tem várias vertentes, tem o teatro comercial, de entretenimento (...), mas eu acredito nessa vertente, nesse teatro que pode fazer uma catarse na sociedade, provocar uma mudança e provavelmente uma tranformação de pensamento, de ideias, de preconceitos", diz ele.
O desejo de estudar o universo trans e retratar essa realidade, segundo Silvero, está relacionado a um posicionamento artístico e político, que surge do desejo de "tentar colaborar com a minha situação enquanto indivíduo numa sociedade que finge ser democrática, finge ser libertária, mas que na verdade é um país extremamente preconceituoso, e acima de tudo assassino".
Escute a entrevista completa:
Neste mês de abril, o Coletivo As Travestidas realiza uma série de apresentações em Fortaleza. Domingo (10), o Teatro Dragão do Mar é palco do lançamento do DVD do espetáculo Cabaré das Travestidas. Dias 15 e 16 de abril, a montagem BR-TRANS será apresentada gratuitamente no Cuca Barra. E, por fim, o Teatro Dragão do Mar recebe novamente o Coletivo, dias 17 e 24, para apresentação de seu trabalho mais recente, a peça Quem Tem Medo de Travesti. Mais informações, no site d'As Travestidas (clique aqui).
*A entrevista foi gravada no dia 05 de abril de 2016 por telefone.
