02/04/20

Três vezes em que a cultura nos alertou sobre o futuro

Filmes como "Contágio", de 2011, trazem cenários com muitas semelhanças ao da pandemia do novo coronavírus (Foto: Divulgação/Internet)

No dia 11 de março, a Organização Mundial da Saúde (OMS) decretou a pandemia da Covid-19, doença respiratória causada pelo novo coronavírus (Sars-Cov-2). Os coronavírus já são uma família conhecida pelos cientistas, mas a versão causadora da Covid-19 infectou os primeiros seres humanos em Wuhan, na China, em dezembro de 2019.

Desde então, já são mais de 1 milhão de pessoas infectadas em todo o mundo, mais de 55 mil mortes e cerca de 200 mil pacientes que se recuperaram. Quem faz esse monitoramento a nível mundial é a Universidade John Hopkins, nos Estados Unidos. Em vários países ao redor do mundo, as medidas de enfrentamento são as mesmas: higiene pessoal rigorosa e quarentena ou isolamento social da população.

Com tempo livre em casa, as pessoas têm recorrido a filmes, séries e livros para se distrair, e algumas dessas produções, apesar de antigas, se tornaram muito populares neste período de quarentena por terem “previsto”, com algumas semelhanças, a situação em que o mundo se encontra agora.

De antemão: o que torna alguns desses projetos tão próximos da realidade é a relação deles com a ciência. Abordando assuntos do campo científico, é muito comum que roteiristas, diretores e autores façam consultas a cientistas e outros pesquisadores, sempre atentos aos estudos mais recentes, para que a produção seja o mais verossímil possível.

No filme "Epidemia", de 1995, as equipes de saúde combatem um vírus desconhecido (Foto: Reprodução/Internet)

No filme "Epidemia", de 1995, as equipes de saúde combatem um vírus desconhecido (Foto: Reprodução/Internet)

Epidemia

Betsy, uma macaco-prego africana, trazida ilegalmente para a Califórnia, é portadora de um novo vírus desconhecido pela humanidade. Ela infecta o jovem que tenta vendê-la no mercado negro e, a partir dele, outras pessoas na cidade fictícia de Cedar Creek são infectadas. Ao decorrer do filme, o vírus sofre uma mutação e se torna transmissível pelo ar, infectando pessoas em uma sala de cinema, dando início a uma epidemia.

O filme, que estreou em 1995, foi dirigido por Wolfgang Petersen e o elenco conta com Dustin Hoffman, Rene Russo, Morgan Freeman e Cuba Gooding Jr.

Os coronavírus são velhos conhecidos da ciência, causadores de doenças como a SARS. Só que assim como o vírus do filme se transforma, o vírus da Covid-19 é uma nova versão de coronavírus, que pode ter surgido a partir de mutações ou simplesmente já estar presente na natureza, sem o conhecimento humano.

Também como no filme, as salas de cinema se mostraram ambientes muito propícios à transmissão da Covid-19, pela aglomeração de muitas pessoas em um ambiente fechado. Isso resultou no fechamento de cinemas ao redor do mundo e no adiamento da estreia de filmes previstos para o primeiro semestre deste ano. Disponível na Netflix.

No livro "Morte em Veneza", o autor Thomas Mann já alertava para o perigo das autoridades negligenciarem epidemias (Foto: Reprodução/Internet)

No livro "Morte em Veneza", o autor Thomas Mann já alertava para o perigo das autoridades negligenciarem epidemias (Foto: Reprodução/Internet)

Morte em Veneza

O livro que narra a paixão platônica e obsessão de Gustav von Aschenbach pelo jovem Tadzio foi publicado pelo autor Thomas Mann pela primeira vez em 1912. Aschenbach é um autor em seus 50 anos que está de viagem em Veneza, na Itália. Em seu hotel, ele conhece Tadzio, jovem de uma família polaca, desenvolve sentimentos por ele e passa a segui-lo pela cidade, sem nunca ousar falar com o rapaz.

O que tornou essa narrativa popular hoje, 108 anos depois de sua primeira publicação, foi o fato de que, na história, a cidade de Veneza está passando por uma epidemia de cólera que é negada pelas autoridades, de forma que isso não prejudique o turismo local.

O paralelo com o novo coronavírus é claro: a Itália é, hoje, um dos países mais afetados pela Covid-19, tendo um número de mortes quase quatro vezes maior que o da China, onde a pandemia teve início. A negligência das autoridades competentes também foi problema na vida real, com o governo italiano menosprezando a gravidade do assunto e resistindo inicialmente à ideia de colocar a população em isolamento social. Saiba mais sobre a obra no Google Livros.

No filme "Contágio", a personagem de Gwyneth Paltrow é a paciente zero de um novo e letal vírus, o MEV-1 (Foto: Reprodução/Internet)

No filme "Contágio", a personagem de Gwyneth Paltrow é a paciente zero de um novo e letal vírus, o MEV-1 (Foto: Reprodução/Internet)

Contágio

Nesse filme de Steven Soderbergh, de 2011, uma empresária estadunidense morre de forma misteriosa depois de retornar de uma viagem de negócios em Hong Kong. Ela é apontada como a paciente zero de um novo vírus, o MEV-1, que rapidamente se espalha e faz vítimas pelo mundo.

Ainda que o vírus do filme seja bem mais letal e perigoso que o novo coronavírus, as semelhanças são claras: a disseminação da doença em novos territórios a partir de pessoas que chegam de viagem, as populações de quarentena em casa para evitar a transmissão e os esforços mundiais para o desenvolvimento de uma vacina e de tratamentos eficazes contra o novo agente são alguns exemplos. Gwyneth Paltrow, Matt Damon, Laurence Fishburne e Marion Cotillard são alguns nomes que compõem o elenco. Disponível na Looke.

Enquanto o mundo real luta contra a Covid-19, com as populações isoladas em casa de forma a achatar a curva de disseminação da doença nos países, a ficção, muitas vezes embasada pelos estudos científicos, nos mostra que alguns futuros que consideramos distópicos podem se tornar uma realidade bem próxima.

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