12/08/19

Maurício de Sousa: 60 anos de histórias em quadrinhos

Os quadrinhos de Maurício de Sousa já foram publicados em mais de 130 países e traduzidos para 60 idiomas. (Foto: Reprodução/Internet)

Se alguém resolvesse contar a idade dos personagens da Turma da Mônica, perceberia que eles são mais velhos que muita gente que acompanha suas histórias em quadrinhos. Em 2019, Maurício de Sousa, criador dessa turminha, comemora 60 anos de produção. O quadrinista e empresário começou como repórter policial no antigo Jornal da Manhã, atual Folha de São Paulo, mas após 5 anos de trabalho resolveu se dedicar às tirinhas. De lá para cá, as histórias da Mônica e seus amigos cresceram em quantidade e em alcance. Hoje, Maurício e sua equipe contam com mais de 500 personagens que estão presentes na vida de milhares de leitores.

Ricardo Jorge é coordenador da Oficina de Quadrinhos, um projeto de extensão da Universidade Federal do Ceará (UFC). Ele explica porque até hoje as criações do quadrinista continuam fazendo sucesso:

"O grande mérito do Maurício foi não se restringir apenas ao suporte físico da revista em quadrinhos, no papel. Você tem animações que são produzidas frequentemente, histórias que são produzidas na Internet ou possibilidades do usuário criar sua própria história com personagens dele. Boa parte dos dividendos, das rendas [da Maurício de Sousa Produções] não vem necessariamente dos quadrinhos. Vem de jogos, de desenhos, vem principalmente de cinema, de produtos licenciados, camisetas etc. e o Maurício de Sousa conseguiu acompanhar esse movimento. Com um visão mais empresarial foi adaptando e ampliando as possibilidades de seus personagens a outros universos e consequentemente a outros públicos. Ao mesmo tempo, é muito comum você ver pessoas que são adultas que continuam lendo as histórias da Turma da Mônica, porque os gibis atingiram um certo refinamento narrativo, conseguindo se dirigir tanto ao público infantil quanto ao público adulto".

Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) compreendem as histórias em quadrinhos como um gênero adequado para o trabalho com a linguagem escrita (Foto: Reprodução/Internet)

Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) compreendem as histórias em quadrinhos como um gênero adequado para o trabalho com a linguagem escrita (Foto: Reprodução/Internet)

No Brasil, o Governo Federal, através dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), incentiva o uso de quadrinhos para alfabetização de crianças. As histórias em quadrinhos fazem parte também do Programa Nacional Biblioteca da Escola (PNBE), que promove acesso à cultura e incentivo à leitura por meio de obras distribuídas em escolas públicas. O professor Ricardo Jorge explica como os quadrinhos ajudam na aprendizagem:

"[O quadrinho] é um instrumento pedagógico bem interessante não só para aprender a língua portuguesa, mas para aprender noções de como usar a língua no dia a dia, em termos de conversação, porque boa parte das ações em quadrinhos se dá em formas de diálogos entre personagens. Não só a pessoa aprende a ler, se alfabetizar através dos quadrinhos, mas também a ter noção dos usos da língua cotidiana e também vai aprendendo a ler imagens. O pessoal vai aprendendo que existe um modo de se narrar uma história através de imagens, essas imagens sequenciadas; pode ver imagens desenhadas que façam referências intertextuais a quadros, a filmes de cinema, cenas de novela, cartazes. Então o quadrinho é uma peça, em termos de linguagem, bastante rica que mobiliza não só a possibilidade do aprendizado da língua, mas também de outras possibilidades de linguagem".

O filme live-action "Turma da Mônica - Laços", dirigido por Daniel Rezende, já foi visto por mais de dois milhões de espectadores (Foto: Divulgação)

O filme live-action "Turma da Mônica - Laços", dirigido por Daniel Rezende, já foi visto por mais de dois milhões de espectadores (Foto: Divulgação)

Presente nos quadrinhos, nos desenhos animados, nas propagandas de TV e até nas embalagens de macarrão instantâneo, a turminha de Maurício está hoje em cartaz nos cinemas brasileiros com o filme live-action Turma da Mônica - Laços, que foi inspirado na graphic novel de mesmo nome dos irmãos Vitor e Lu Cafaggi. Vitor Cafaggi conta como foi  ver seu trabalho chegar às telonas:

"Mesmo antes de ler, esses personagens já eram bem presentes no meu mundo. Então quando a gente é convidado para fazer uma graphic novel, os dois juntos [Vitor e sua irmã Lu], foi muito tranquilo. Foi especial e tudo, mas foi uma coisa muito natural porque a gente conhece muito bem esses personagens, a gente já tinha nossa visão sobre eles, já tinha conversado muito sobre eles a vida toda. Poder trabalhar com eles e mostrar essa visão que a gente sempre teve deles foi muito legal. Ver isso na tela foi muito mais do que eu esperava: foi sensacional e foi além de qualquer expectativa boa que eu já tinha pro filme. Acho que a história do filme acabou indo até além, dentro das coisas que a gente já queria ter mostrado".

O filme Turma da Mônica - Laços já foi assistido por dois milhões de espectadores e permanece em cartaz em algumas salas de cinema pelo país. 

Reportagem de Thays Maria Salles com orientação de Carolina Areal e Igor Vieira

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