20/06/18

Identidade de artistas LGBTI+ na música cearense

Com estilos musicais distintos, Isabel Gueixa, Getúlio Abelha e Luiza Nobel carregam a representatividade através da arte (Fotos: Ernany RVM / Evelly Pereira / Gabriel - Antropofagia)

Pabllo Vittar, Linn da Quebrada, Ana Vilela, Johnny Hooker, Liniker são alguns exemplos de artistas LGBTI+ (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais, Intersexuais, dentre outras designações) em ascensão no Brasil. E essa representatividade invade também as composições e as produções visuais da música. No Ceará, artistas LGBTI+ buscam espaço no mercado fonográfico local e nacional com a produção de músicas autorais. Conheça três deles:

Luiza Nobel

Cantora, compositora, atriz e modelo independente. Luiza Nobel trabalha com MPB, Rock Alternativo, Pop e até mesmo Música Eletrônica. No grupo Luiza e a Casa dos 30, iniciado em 2012, interpretou músicas de sua autoria como Bem Baixinho de 2017 que fala sobre a paixão de uma mulher por outra.

A cantora explica que a temática de diversidade sexual, por exemplo, surge em suas produções de forma natural. “Essa pauta não deixa de transpassar as minhas composições porque eu escrevo muito sobre amor, sobre a minha vida, então não tem como desvincular”.

Foto: GABRIEL (Antropofagia)

Foto: GABRIEL - Antropofagia

Se encaminhando para carreira solo, Luiza trabalha em uma nova produção autoral e circula com o show Baile Preto que traz músicas com ritmos de origem africana e de compositores e intérpretes negros brasileiros, além de músicas autorais. A cantora tem consciência que leva em seu trabalho e em seu corpo a luta constante por representatividade feminina.

“Que haja espaço para outras mulheres, para as mulheres da periferia, para as mulheres pretas, para as mulheres gordas, que precisam cantar o que acontece nesses lugares e que pode atravessar todas as pessoas, não só quem tem o mesmo arquétipo dessas mulheres, que vem do mesmo espaço dessas mulheres. E que as pessoas que vieram desse espaço vejam que é possível se viver de arte, fazer arte, falar de suas pautas e ter espaço dentro da cidade”, defende.

 

Getúlio Abelha

O jovem artista trabalha com o que chama de Forró Experimental, o que lhe dá a liberdade de aplicar a influência de diversos outros estilos, como pop, brega e música eletrônica. Mas faz questão de se manter fiel ao ritmo principal. “Por mais que eu seja muito eclético e goste de todos os gêneros, o forró foi o que me intrigou a fazer porque grande parte do que eu conheço vem do forró. E também porque eu tinha vontade de fazer forró que fale de outras coisas, fazer um forró que não é voltado para uma mesmo tema, ou pra ‘raparigagem’, ou beber cerveja e pegar mulher”, conta.

Getúlio revela que encontrou na música um espaço para trabalhar com diversas formas de arte como direção, edição, figurino e composição.  Essa característica pode ser conferida no clipe da sua primeira música de trabalho, Laricado, que teve grande repercussão nas redes sociais.

Apesar do sucesso do clipe e da participação do cantor em eventos como o Festival Maloca Dragão 2018, Getúlio Abelha, que já trabalhou com teatro e cinema, explica que nesse mercado a competitividade é bem maior. “Tem mais gente tentando, mais gente trabalhando com isso, então você realmente precisa oferecer alguma coisa muito autêntica para conseguir se produzir, se inserir nos lugares e conseguir ter um pouco de atenção com o trabalho que você está fazendo”, explica.

E dessa forma, ele insiste em sua música autoral e dá o novo passo de sua carreira com a produção do clipe da música Tamanco de Fogo, que fala de forma crítica sobre as opressões sofridas pela população LGBTI+. Getúlio afirma que a partir desse trabalho essas questões se tornarão mais fortes em suas produções.

Isabel Gueixa

A rapper fortalezense leva em suas músicas dançantes fortes influências do R&B (Rhythm and Blues), Soul e Jazz com letras de empoderamento feminino e de incentivo ao respeito à diversidade sexual e de gênero, além de questões sociais e raciais. “O Rap já é um som de revolução. Então eu o escolhi para denunciar também o quanto a gente precisa estar unido, porque no caso, eu sendo feminista, também sento LGBT, acredito que nós estamos todos no mesmo barco, estamos atrás de ser reconhecidos pela sociedade como gente, além dos padrões heteronormativos”, afirma.

Dessa forma, nos primeiros versos de Vem se Libertar, de 2017, Isabel configura sua composição a um carinho à população LGBTI+: “Não há nada de errado com o que você sente, meu amor. Por quê? Porque o amor não escolhe gênero”. Ainda nessa temática, em comemoração ao mês do orgulho dessa população, a cantora lançou  no dia 19 de junho o clipe de Nasci Assim, que reforça o discurso de aceitação LGBTI+.

Com o repertório majoritariamente com questões relacionadas às minorias sociais, Isabel Gueixa lamenta que artistas representantes dessas minorias deixem de lado esses temas em suas composições. “Eu sinto falta de um cantor ou uma cantora que está lá representando, além do seu corpo. Eu gostaria de escutar mais letras. Então eu acabei fazendo isso, porque a gente que não tem oportunidade, a gente cria”, enfatiza.

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