18/08/17

Fotografia: Novos olhares sobre a terra da luz

O Voo (Foto: Davidson Rodriguez/Instagram)

No Dia Mundial da Fotografia, celebrado em 19 de agosto, abrimos espaço para os artistas cearenses. Davidson Rodriguez, Marília Oliveira e Iago Barreto Soares representam três olhares e relações diferentes com a fotografia. Uma forma de descobrir a cidade, de explorar novas possibilidades, de dar visibilidade às lutas indígenas e à cultura cearense. Em seus trabalhos, narrativas que trazem um novo olhar sobre a fotografia no estado.

Davidson Rodriguez

Entre as fotografias que exploram o colorido da cidade, um olhar diferente. Na poética das imagens em preto e branco, Davidson Rodriguez constrói sua narrativa trazendo como personagem principal, as pessoas. Sua história com a fotografia nasceu de uma provocação, conhecer a cidade. Para ele, essa cidade é sobre pessoas. “Fortaleza é muito repetitiva, o fim de tarde é muito repetitivo, mas as pessoas não são. Essa mesmice, ela é quebrada por elas e pelo que têm de diferente. Eu acho isso incrível, pra mim dá toda a diferença da cidade”, pontua. Além das fotografias, Davidson também aproveita para dar vazão a um lado poético, trazendo, junto às imagens, textos que para ele representam um lado mais pessoal com a fotografia.

Nestes dois anos de andanças e descobertas, o professor de matemática já acumula quase quatro mil seguidores no Instagram. Das pessoas que conheceu por meio das fotografias, surgiram também as amizades e, dessas amizades, novos frutos. É o caso dos perfis Fortaleza Monocromática e Gente Alencarina, desenvolvidos em parceria com os amigos Renan Matos e Amanda Monasterio, respectivamente. Questionado sobre o que seria a fotografia em uma palavra, Davidson a define como sentimento.

 

Marília Oliveira

c33b7390efa01e558006687f9fecad66_XLUm jeito de conhecer o mundo e a si, de compreender e elaborar as experiências em seu entorno, assim Marília Oliveira define a sua relação com a fotografia. De seus primeiros trabalhos, voltados aos registros de rua, surgiu o desejo de fundar o Descoletivo Espaço de Criação (DEC), junto ao fotógrafo Régis Amora. Para ela, a fotografia se define pela palavra possibilidade, característica presente tanto no seu trabalho solo quanto dentro do Descoletivo. “Tenho pensado cada vez mais sobre as possibilidades da fotografia em diálogo com outras materialidades artísticas, possibilidades instalativas e outras maneiras de tornar as obras mais carregadas com as significações que desejo”, conta.

Atualmente, em seu trabalho solo, ela desenvolve uma fotografia que caminha pela autobiografia e por questões de gênero. Já dentro do Descoletivo, a maior parte da energia criativa tem sido dedicada à busca pelo conhecimento de todo o processo que permeia uma publicação. Como Marília conta, existe a procura por novos suportes narrativos, por experimentações que visem outros objetivos além do itinerário das exposições fotográficas.  "Ainda estamos muito presos ao pensamento de que a fotografia é, primeiro, exposição e só depois se derrama pra outros suportes. Agora temos pensado o contrário." Essa nova abordagem é trazida em um dos projetos atuais do Descoletivo, o mergulho no acervo da personagem Camilly Leycker, do artista David Alenquer, trabalho vencedor do Edital LGBT de Cultura, da Secretaria de Cultura do Estado.

 

Iago Barreto Soares

Iago Barreto SoaresUma força de linguagem capaz de comunicar coisas que apenas a voz não não é capaz. Para Iago Barreto, que desenvolve um trabalho de fotografia etnográfica dentro das tribos indígenas, esse processo é uma vivência contínua. “Eu tenho foto de crianças recém-nascidas e tenho foto das mesmas crianças hoje, que andam comigo na aldeia. Espero vê-las adolescentes, espero vê-las adultas, trabalhando com lideranças, tendo os próprios filhos”, conta.

Iago realiza hoje um trabalho junto à Caravana do Museu Indígena Tremembé, um projeto que visa registrar a vivência das lideranças Tremembé. Além disso, ensina fotografia nas Oficinas de Formação de Cineastas Indígenas, realizadas pela Tribo Jenipapo-Kanindé. Iago vê nesse trabalho um aspecto social importante, na perspectiva não só de formar fotógrafos e cineastas, mas, também, de fomentar o conhecimento sobre a importância da linguagem dessas tribos e de sua cultura, enquanto comunicação e luta política. Para Iago,  em uma palavra, a fotografia representa símbolo.

 

 

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