29/11/18

Agência da Boa Notícia: comunicação pela paz

A Agência da Boa Notícia é uma organização que atua na promoção da cultura de paz nos meios de comunicação, estimulando os jornalistas a produzirem conteúdos sobre a não-violência. Na foto, o professor Souto Paulino e a colunista Leda Maria (Foto: Arquivo Pessoal)

A Agência da Boa Notícia é uma Organização Não-Governamental (ONG) criada em 2007, cujo objetivo é a divulgação de notícias e projetos sociais que remetam a cultura de paz e valorizem a inserção de fatos positivos nos meios de comunicação. Com uma série de ações, como o Prêmio Gandhi de Comunicação e os seminários sobre o processo de paz, a Agência da Boa Notícia possui um reconhecimento que extrapola o âmbito regional.

A seguir, você confere uma entrevista com o professor Souto Paulino, um dos fundadores e atual presidente da Agência da Boa Notícia:

Rádio Universitária FM – Para começar essa entrevista, seria interessante falar sobre os primórdios da ONG. Como surgiu a ideia da Agência da Boa Notícia?

Souto Paulino – A Agência da Boa Notícia nasceu há 11 anos por meio de um grupo de professores, empresários e pessoas que discutiam, naquela época, a questão da violência. Depois de um debate muito alongado, nós chegamos à conclusão de que podíamos utilizar alguns meios que a internet oferece para que a gente pudesse colaborar, no sentido de melhorar a cultura de paz dentro das universidades, mas também fora delas como nas empresas e nas escolas.

RUFM – Pesquisando sobre a história da Agência da Boa Notícia, vi que os criadores procuravam uma espécie de solo fértil para implantar a ONG. Por que, na visão de vocês, esse solo fértil era o jornalismo?

Souto Paulino – Nós nos abrimos para duas dimensões. A dimensão, digamos, de formação. No caso, os cursos de comunicação. E a outra dimensão eram os meios de comunicação convencionais, formado por profissionais que atuam em áreas como a publicidade, impresso, radiojornalismo e fotografia. Essas áreas são as que a gente aplica a nossa pesquisa para captar e fazer com que haja publicações que sempre contribuam para a cultura de paz.

RUFM – No processo de formalização da Agência, o senhor acabou sendo vítima daquilo que não queria denunciar [o professor Souto Paulino levou um tiro quando se dirigia a uma reunião no Sindicato dos Jornalistas no Ceará (Sindjorce) para regulamentar a Agência da Boa Notícia]. O quanto esse acontecimento foi motivador para levar o projeto adiante?

Souto Paulino – Eu acho que essa pergunta é interessante porque foi, justamente, na primeira reunião que nós fizemos com a instituição representativa da comunicação, o Sindjorce. E, naturalmente, isso influenciou para que nós impulsionássemos a nossa proposta, inclusive, dando o nome de Agência da Boa Notícia. Tínhamos, digamos assim, um certo nome para a construção da cultura de paz.

O professor Souto Paulino é presidente e um dos fundadores da Agência da Boa Notícia (Foto: Arquivo Pessoal)

O professor Souto Paulino é presidente e um dos fundadores da Agência da Boa Notícia (Foto: Arquivo Pessoal)

RUFM – Professor Souto, na sua visão, qual a importância da cultura de paz na sociedade em que vivemos? E, mais do que isso, qual a importância dessa cultura no jornalismo e na mídia em geral?

Souto Paulino – Olha, é preciso que a gente entenda primeiro o seguinte: a cultura de paz não está distante, pelo contrário, às vezes, procuramos ela muito longe e ela está em cada um de nós. Se cada um melhorar dentro da proposta de comunicação, com certeza, estaremos incentivando nós mesmos a praticarmos melhor a questão da paz e da não-violência. E aí quando não falamos paz e sim violência, são as várias formas de violência que muitas vezes não são, necessariamente, o uso da arma de fogo, mas as armas que a gente também tem como comunicador ou como quem trabalha com a informação. Veja o que está acontecendo agora, principalmente com essa história de fake news. É um turbilhão de informações dadas irresponsavelmente e isso é estar praticando a violência. Então a nossa contribuição, e a gente acredita que a paz vai começar, é quando cada um se empenhar mais nas propostas de trabalhar nesse sentido da melhoria da não-violência.

RUFM – Agora falando um pouco sobre os dias de hoje, como a Agência da Boa Notícia funciona atualmente? Quem também faz parte da ONG?

Souto Paulino – O nosso objetivo principal é o site que colocamos na Agência para os veículos. Essa é a proposta. Além disso, tem o prêmio de comunicação, que nesse ano está completando 11 anos. A gente premia vários trabalhos em diversas áreas da comunicação, assim como todos os profissionais e estudantes das faculdades de comunicação. Esse ano, por exemplo, nós tivemos 140 trabalhos inscritos. Cada ano, a gente tem o aumento dessas inscrições.

RUFM – Falando sobre isso, um dos trabalhos que a Agência da Boa Notícia desenvolve é o Prêmio Gandhi de Comunicação, que é realizado há mais de 10 anos. Como se originou a ideia desse prêmio e como ele funciona?

Souto Paulino – O Prêmio Gandhi funciona da seguinte maneira: anualmente, nós abrimos inscrições para trabalhos publicados nos diversos meios de comunicação. Trabalhos que contribuam para o processo da melhoria da comunicação com uma proposta de amenizar a questão da violência. Em síntese, é um trabalho que provoca os estudantes e os profissionais nas diversas áreas para que apresentem as suas contribuições através dos veículos. Nós premiamos os melhores estudantes e trabalhos.

RUFM – E para finalizar, quais são as ideias para o futuro da Agência da Boa Notícia? Existe algum movimento de expansão?

Souto Paulino – Nós estamos pensando, talvez no próximo ano a gente vá fazer isso, de abrir o Prêmio Gandhi a nível regional ou nacional. Nós fizemos algumas experiências, por exemplo, nesse ano tivemos vários estados que mandaram trabalhos. Uma experiência que fizemos para verificar se estamos chegando aos outros estados. Então a nossa proposta é que possamos crescer, no sentido de ganhar uma abrangência maior, inclusive, de criarmos sucursais em vários estados do Centro-Oeste, Sul e Sudeste do Brasil.

Entrevista realizada no dia 26/11 por Pedro Silva e com orientação de Carolina Areal.

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