07/06/21

Mapa da Terra Demarcada e Território Indígena Ancestral Pitaguary

O mapa ancestral Pitaguary identifica a divisão das seis aldeias existentes na localidade - onde moram mais de 4 mil indígenas (Foto: Divulgação)

Ruínas, memórias e costumes resistiram ao tempo. Depois de três séculos, foram pistas de uma identidade que se elevou diante de diversas ameaças de apagamento. É a história do povo Pitaguary, que no dia 18 de dezembro de 2006, teve sua terra reconhecida oficialmente pelo Estado brasileiro. A terra fica entre os municípios de Maracanaú, Maranguape e Pacatuba, na região metropolitana de Fortaleza.

Além dos vestígios físicos, a demarcação foi amparada pelos registros históricos, como
algumas Cartas de Sesmaria datadas de 1708 e 1722, contando da existência do povo
Pitaguary naquelas terras assaltadas em nome da Coroa portuguesa.

Apesar da importância da reconquista, o território demarcado deixou de fora lugares de
relevância histórica e cultural para os Pitaguary, além de 1.235 indígenas que vivem desaldeados. Encarando as consequências dessa demarcação incompleta, cinco
indígenas da etnia propuseram a construção de um mapa para identificar todo o
território ancestral. Paulo Sérgio Pitaguary é um dos responsáveis pela iniciativa:

"O mapeamento da nossa área é importante para o nosso povo, porque ele vai mostrar onde está o nosso território ancestral, o que o Estado reconheceu através da demarcação como terra nossa - o que não corresponde ao nosso entendimento, e também como base para ações envolvendo as políticas públicas do município dentro dessa área. Por isso a importância de um mapa. E esse mapa vai dar origem, posteriormente, a um etnomapeamento, que é o que a gente espera produzir."

O mapa ancestral Pitaguary identifica a divisão das seis aldeias existentes na localidade - onde moram mais de 4 mil indígenas, espaços de uso coletivo, locais que consideram sagrados como a gruta de Santo Antônio, a cachoeira do Pitaguary e uma das principais nascentes do rio Cocó, o rio do Meio/Timbó. Também estão apontados no mapa os equipamentos públicos, como as escolas e os postos de saúde indígena.

Para a construção do mapa, o grupo fez consultas aos anciões, ou troncos velhos, como costumam chamar. Paulo e os demais envolvidos no projeto são membros do Instituto Asas & Raízes, que trabalha pela visibilidade e proteção territorial, ambiental e social do povo das seis aldeias Pitaguary.

Todos estão na universidade, quatro deles na UNILAB - Universidade da Integração
Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira. Paulo Sérgio Pitaguary afirma que o acesso
ao ensino superior e a junção de saberes acadêmicos das diferentes áreas que estudam - biologia, pedagogia e administração pública -, possibilitou construir de forma autônoma um instrumento estratégico para a luta em defesa dos seus direitos:

"Se não fosse o conhecimento que nós obtivemos lá (na universidade), a gente não teria como ter aplicado dentro das aldeias, a partir, também, do nosso interesse e conhecimento do território. Porque não basta só estar na universidade. Nós temos conhecimento do território, então isso é muito importante também."

O Mapa da Terra Demarcada e Território Indígena Ancestral Pitaguary pode ser visto
no instagram, no perfil @institutoasaseraizes.

Raquel Dantas para a Rádio Universitária FM.

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