26/10/20

10 anos de Instagram: inovação e popularidade

O Instagram foi comprado por US$ 1 bilhão pelo Facebook, em 2012. De acordo com empresa de análise Socialbakers, a rede social se sobressai ao Facebook em questão de engajamento (Fonte: Reprodução/Internet)

Em outubro, o Instagram completa 10 anos. A rede social chega a essa marca como uma das cinco mais populares do mundo. De acordo com o Facebook, empresa dona da plataforma, em 2018 o Instagram chegou a 1 bilhão de usuários ativos.

Riverson Rios é professor do Curso de Jornalismo Universidade Federal do Ceará (UFC). Ele acredita que um dos fatores para a popularização do Instagram se deve a um choque geracional. O Facebook, por exemplo, era um espaço onde pessoas mais velhas se sentiam confortáveis, enquanto o Instagram se tornou uma rede social para os jovens:

"Além disso, há um bom tempo o Facebook não trazia nada de novo. A interface cansada das grandes telas dos computadores não se adaptava ao pequeno espaço do celular. Então veio Instagram com uma série de inovações: o foco na imagem, os filtros, a estética retrô, a facilidade de uso pelo celular, a personalização, a melhora na qualidade das câmeras dos smartphones e o próprio barateamento desses [os smartphones] também contribuíram para o sucesso do aplicativo“.

A primeira fotografia postada no Instagram foi o cão de Kevin Systrom, fundador da plataforma (Foto: Reprodução/Internet)

A primeira fotografia postada no Instagram foi o cão de Kevin Systrom, fundador da plataforma (Foto: Reprodução/Internet)

O surgimento dos Blogs e do YouTube, por exemplo, revolucionaram a produção e difusão de conteúdo. Não era mais necessário depender unicamente dos tradicionais meios de comunicação. Com as plataformas digitais, as pessoas deixarem de ser apenas consumidoras passivas e se tornaram também produtoras de conteúdo.

É nesse cenário que surge o mercado dos influenciadores digitais, pessoas que conquistaram popularidade nas redes e, inclusive, fazem disso seu trabalho. Com o Instagram, eles não precisavam mais ficar restritos a um único formato.  É o que comenta Issaaf Karhawi, pesquisadora em comunicação digital da Universidade de São Paulo (USP):

“Então muitos dos blogueiros acabaram se adaptando a novas plataformas que foram surgindo e transbordando seu conteúdo para novas plataformas. Outros não fizeram uso do blog, surgiram diretamente, por exemplo, no Instagram. O Instagram também é um lugar que responde aos anseios de uma sociedade que precisa construir a sua própria visibilidade midiática, uma vez que estamos inseridos numa sociedade do espetáculo em que a imagem de si é muito importante”.

Em uma década de Instagram, a plataforma passou por diversas mudanças. Os Stories são uma das principais. A ferramenta é uma resposta a rede social concorrente Snapchat. A função permite o compartilhamento de fotos e vídeos com duração de até 15 segundos durante um período curto de tempo, pois desaparecem após 24 horas. Para a pesquisadora da USP, Issaaf Karhawi, os Stories se tornaram um espaço mais íntimo no Instagram, não tão preso a perfeição:

"Muitos influenciadores digitais usam os Stories exatamente para isso. Eles guardam o espaço do feed para fotos mais produzidas, para ensaios, para parcerias com marcas. E nos Stories produzem conteúdo de conexão com suas audiências, de conversas, de trocas mais íntimas e mais genuínas. Quanto aos Stories provocarem comodismo na forma de se informar: eu acredito que toda a rede social vai modulando a nossa forma de consumir a mídia. Eu acredito que há uma modulação das redes sociais, sim, vão interferir indiretamente em como a gente consome informação como é que a gente consome mídia".

No mês em que comemora 10 anos, o Instagram reúne 373 milhões de seguidores no seu perfil oficial (Foto: Reprodução/ Internet)

No mês em que comemora 10 anos, o Instagram reúne 373 milhões de seguidores no seu perfil oficial (Foto: Reprodução/ Internet)

De início, o conteúdo do Instagram funcionava de forma cronológica. Desde 2016, no entanto, a plataforma anunciou a adoção de um feed semelhante ao do Facebook. A rede social passou a dar preferência a publicações semelhantes aos gostos dos usuários. Dessa forma, muitos influenciadores sentiram uma perda de público. Além disso, a estratégia visa aumentar a arrecadação publicitária com anúncios. O professor da UFC Riverson Rios reprova a conduta do Instagram. Para ele, a mudança na classificação de conteúdo nos assemelha a mercadorias:

“Os anunciantes nos escolhem a partir de nossos gostos a fim de nos passarem suas mensagens publicitárias. Damos ainda, de mãos beijadas, nossas informações pessoais. Todas as nossas ações nas redes sociais são monitoradas e monetizadas de alguma maneira. A mudança no feed, longe de ter sido feita para “filtrar o enorme conteúdo produzido pelos usuários e trazer uma melhor experiência na rede social”, como dizem oficialmente, tem o único interesse de restringir o discurso público aos interesses dos criadores da plataforma, de anunciantes e governos”. 

Reportagem de Lara Viera com orientação de Carolina Areal e Igor Vieira

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