08/06/21

Pesquisadores criam Sistema de Comunicação Alternativa

O objetivo do software é dar uma alternativa de comunicação a pacientes que estão impossibilitados de comunicação por fala ou até movimentação dos braços (Foto: Divulgação)

Do diálogo entre um professor da Universidade Federal do Ceará e uma profissional de saúde do Hospital Geral Dr. Waldemar Alcântara, nasceu um projeto que pode melhorar a qualidade de vida de muitas pessoas. É o Sistema de Comunicação Alternativa Santos Vieira, um programa de computador desenvolvido por Roberto Vieira, doutor em Computação e professor do Departamento de Arquitetura, Urbanismo e Design da Universidade Federal do Ceará. Ele nos conta para quem o sistema foi pensado:

"O objetivo é dar uma alternativa de comunicação a pacientes que estão impossibilitados de comunicação por fala ou até movimentação dos braços, no caso de pacientes traqueostomizados, pacientes com Esclerose Lateral Amiotrófica ou outra doença degenerativa similar."

Os primeiros testes foram feitos no final de maio, com pacientes do Sistema de Atendimento Domiciliar do Hospital Waldemar Alcântara. Quem faz parte da equipe é a
terapeuta ocupacional Ítala de Brito Oliveira, com quem Roberto deu vida ao sistema.
Juntos compartilham a satisfação com os resultados promissores nesta fase de testes.

O sistema opera em computador ou tablet e utiliza a câmera desses dispositivos. O
funcionamento acontece através de comandos ativados por movimentos de cabeça e
olhos, com o intuito de ser acessível para pessoas com diferentes níveis de limitação
motora.

Mas Roberto Vieira explica que é preciso fazer ajustes. Alguns dependem de materiais
que a equipe não tem acesso no momento, como é o caso das câmeras com infravermelho, necessárias para testar o desempenho dos comandos feitos por olhos. Refinar esses mecanismos e melhorar a funcionalidade do programa é fundamental para permitir que a ferramenta seja útil para pacientes com demandas distintas:

"Porque pode ser que para um paciente determinado comando seja melhor executado de uma forma, e para outro de outra. Então, a ideia é compreender as diferentes formas que as pessoas interagem, a facilidade que um tem e que outro não tem, para que a gente faça um sistema flexível suficiente para adaptar a cada caso."

Neste tempo de pandemia da Covid-19, o empenho com o projeto é mobilizado pela
expectativa de ajudar pacientes que precisaram ser traqueostomizados por conta da
doença. Mas há também uma memória que impulsiona a vontade de ver o sistema
sendo utilizado:

"A minha motivação pessoal é que o meu avô teve a doença Esclerose Lateral Amiotrófica; quando eu era criança, mas eu tenho lembrança. Então eu sei o quanto é angustiante tanto para o paciente, quanto para a família. Daí o nome Santos Vieira, o sobrenome do meu avô, em homenagem a ele."

Roberto afirma que ainda não há como dizer quando o sistema poderá ser disponibilizado. A fase de testes continua em andamento. Tudo para tornar o programa viável, para uso de forma independente, e livre, permitindo o acesso gratuito para quem precisar.

Raquel Dantas para a Rádio Universitária FM.

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