08/10/21

Escolas do semiárido cearense e o retorno às aulas presenciais

O levantamento feito pela We World gerou um plano de segurança para as escolas com protocolos sanitários e orientações para situações de emergência (Foto: Reprodução/Internet)

Um Diagnóstico Hidrossanitário realizado em 95 escolas de 5 municípios do semiárido cearense aponta que a maioria não está preparada para um retorno seguro às aulas presenciais. A razão é a precariedade estrutural em relação às condições de higiene, acesso à água e saneamento. O levantamento foi feito pela organização We World - GVC Brasil nas cidades de Ipaporanga, Nova Russas, Monsenhor Tabosa, Quiterianópolis e Tamboril.

Uma das responsáveis pelo diagnóstico, a engenheira sanitarista e ambiental Karoline Barbosa, aponta que o acesso à água é um dos principais desafios:

"40% das escolas responderam que o reservatório não supre a demanda de abastecimento. E isso foi constatado posteriormente nos relatórios, em que a equipe realizou o dimensionamento da reservação com base no consumo per capita dos alunos matriculados nas escolas. E esse dimensionamento permitiu observar que grande parte das escolas realmente tem essa deficiência na reservação".

Riscos de contaminação da água das cisternas escolares, além de número insuficiente de pias e sanitários, são problemas comuns na região semiárida. Karoline cita o caso emblemático de uma escola com 102 pessoas - entre alunos, professores e demais funcionários. Só há uma pia disponível, e ela está na cozinha, onde deveria atender especificamente à demanda de alimentação. Com a pandemia, que ainda não foi superada, essa realidade sanitária das escolas de ensino básico traz ainda mais preocupação.

O levantamento feito pela We World gerou um plano de segurança para as escolas com protocolos sanitários e orientações para situações de emergência. Mas a organização entende que as informações do diagnóstico são úteis principalmente para buscar soluções, como comenta a coordenadora geral Mônica Bonadiman:

"Esse diagnóstico não tem o papel de apontar defeitos aos municípios, de apontar o dedo. A gente sabe das dificuldades que passam. O investimento que deveria ser feito é bastante alto. O diagnóstico tem o importante papel de mostrar a situação, pra depois a gente tentar sentar junto aos municípios, aos gestores, e tentar encontrar estratégias para melhorá-las".

Diante da situação emergencial, a We World - GVC Brasil mobilizou recursos para atender a algumas das demandas das escolas nesse momento de retorno às aulas presenciais.

Através de seus projetos, a organização está doando 15 cisternas escolares, 60 pias para lavagem de mãos, e kits de higiene e prevenção contra a covid-19, com máscaras pff2, álcool e absorventes. 134 escolas de 20 municípios serão beneficiadas.

Raquel Dantas para a Rádio Universitária FM.

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