04/03/21

Campanha recebe doação de lixo eletrônico em Fortaleza

Apenas 3% do resíduo sólido produzido no Brasil têm o encaminhamento correto (Foto: Instagram Robótica Sustentável)

Os resíduos eletrônicos podem até ser reis na sociedade da informação, mas em paralelo ao que canta Gilberto Gil não andam e, portanto, é preciso dar uma destinação correta a eles. Em Fortaleza, a campanha E-lixo zero está coletando resíduos eletrônicos que não estejam funcionando.

O objetivo é usar o material no projeto Robótica Sustentável, fundado há 5 anos pelo professor André Cardoso. Ele coordena o Laboratório de Ciências da Escola de Ensino Fundamental e Médio Dom Helder Câmara e é mestre em Ecologia e Recursos Naturais pela Universidade Federal do Ceará. O professor explica o que pode ser doado e fala o que é feito com o material:

"Todo tipo de lixo eletrônico. E o que é lixo eletrônico? É tudo que for pilha, bateria, celular, notebook, nobreak, tudo que for de informática, mouse, teclado, pode ser microondas, pode ser qualquer coisa eletroeletrônica. A gente transforma esse resíduo, tanto ajuda alguns recicladores e catadores daqui no bairro, que a gente faz aqui uma parceria de mineração urbana. O que é? A gente faz uma triagem desse material, desmonta ele, tira o que é ferro, o que é plástico, o que é placa eletrônica e destina de forma correta, e aquilo que a gente puder aproveitar, a gente utiliza nos projetos de robótica." 

Com o trabalho do Robótica Sustentável, André propõe  uma ação interdisciplinar com os alunos  envolvendo mecânica, eletrônica, elétrica e programação. O sucesso é tão grande que o perfil no Instagram do Robótica Sustentável já tem mais de 11 mil seguidores. Lá é possível ter acesso a conteúdos gratuitos e cursos online sobre o tema.

Campanhas relevantes como a do E-lixo zero integram a chamada Logística Reversa, conceito que tem avançado desde 2010, quando foi instituída a Política Nacional de Resíduos Sólidos. Ronaldo Stefanutti é Professor do Departamento de Engenharia Hidráulica e Ambiental da UFC e Coordenador do Larse, Laboratório de Resíduos Sólidos e Efluentes, uma parceria do NUTEC com a Universidade. Ele dá mais detalhes sobre esse conceito e apresenta procedimentos já realizados pelas empresas:

"Ela é um instrumento que foi desenvolvido e tem o seu caráter econômico social. Ela tem uma série de procedimentos de forma a destinar e a coleta e a restituição dos resíduos sólidos oriundos do setor empresarial, de forma que esses materiais possam retornar ao seu ciclo produtivo ou ter um destino final ambientalmente adequado. Quando à indústria eletrônica em si, por exemplo a indústria de celulares, algumas lojas já recebem esse tipo de produto e dão uma destinação adequada. Mas, a parte de computadores, eles acabam recolhendo os seus eletrônicos desde que o cliente ligue para fábrica e faça um agendamento."

Apenas 3% do lixo eletrônico produzido no Brasil têm o encaminhamento correto. Quando descartado corretamente, quase 100% do material retorna para a indústria como peças ou matéria-prima para fabricação de novos produtos. Até o momento, a campanha E-lixo zero já recebeu mais de 200kg de lixo eletrônico. Para doar material, basta acessar o formulário disponível no perfil do Instagram do Robótica Sustentável. O projeto busca a doação nas empresas e residências.

Síria Mapurunga para a Rádio Universitária FM

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