10/08/18

Aplicativo identifica distúrbios fonológicos

O Fala Aí foi finalista do Campus Mobile, evento que premia os melhores aplicativos do ano (Foto: Divulgação/Campus Mobile)

O desenvolvimento da linguagem é parte fundamental no crescimento de uma criança, já que a fala é uma das principais ferramentas de comunicação. Mas os pequenos podem apresentar distúrbios fonológicos nesse processo, que às vezes são ignorados pelos pais por considerarem uma coisa passageira da infância.

Para ajudar na identificação desses distúrbios, os estudantes do Curso de Design Digital do Campus de Quixadá da UFC elaboraram um aplicativo para uso nas salas de aula. O aplicativo Fala Aí foi desenvolvido pelos estudantes Ana Karine Bessa, Caíque de Araújo e Francisco Alan Ribeiro como parte da disciplina Projeto Integrado II.

Ana Karine Bessa fala sobre como o aplicativo foi projetado:

"Ele é para ser usado em salas de aula, com crianças de quatro a seis anos de idade. Tem uma série de atividades, são quatro módulos. Cada módulo é responsável por identificar um distúrbio de fala. A gente escolheu a princípio quatro módulos porque são os distúrbios mais recorrentes e ao mesmo tempo os que são mais fáceis de trazer pro digital".

O Fala Aí é capaz de identificar a dislalia, quando a criança troca letras e tem dificuldade de pronunciar consoantes e a prosódia, quando ela não organiza frases de forma lógica. Ele também ajuda a identificar o atraso na linguagem, quando o vocabulário da criança não é compatível com a idade, e a disnomia, quando a palavra some da cabeça dela, não conseguindo associar esse nome ao seu significado.

A estudante Ana Karine Bessa explica como o aplicativo é capaz de identificar esses distúrbios:

"Toda interação que a criança tem é por voz, tem um comando de voz dizendo o que ela precisa fazer. Então o comando de voz diz que ela precisa tocar no animal que apareceu na tela e dizer o nome desse animal. Então ela toca no cachorro e fala: cachorro. Quando ela toca no cachorro, o microfone é ativado, capta a voz dela e faz todo um processamento. Aí tem a nossa lógica por trás, que faz um comparativo do que ela falou com tudo que está guardado no nosso banco de dados, para comparar se foi certo, se foi meio certo, se ela omitiu alguma letra. A partir daí a gente vai descontando pontos. Se ela tiver falado gato, ao invés de cachorro, ela já recebe um zero automático porque ela não conseguiu nomear da forma correta. Se ela tiver falado cachorro, ela recebe a pontuação um, se falar cacorro, emitir o H por exemplo, é descontado ponto".

Atualmente, apenas um módulo do Fala Aí está ativo. A equipe trabalha para finalizar os restantes. (Foto: Divulgação/Fala Aí)

Atualmente, apenas um módulo do Fala Aí está ativo e a equipe trabalha para finalizar os restantes (Foto: Divulgação/Fala Aí)

Trabalhando com uma área tão diferente da sua, os estudantes de design digital entraram em contato com fonoaudiólogos do estado para saber mais sobre os distúrbios e como eles eram identificados nos consultórios.

Renata Girão foi uma das fonoaudiólogas consultadas pela equipe. Ela fala sobre os prejuízos causados quando a criança possui algum dos distúrbios, mas os pais não procuram ajuda profissional:

"Acontece que quando chega na fase de aprender a ler e a escrever, elas vão ter dificuldade. Se a criança tem um problema na hora de ler uma letra, ela vai ficar com uma dificuldade na escrita também. Às vezes aprende a ler, mas escreve do jeito que fala, aí gera todo um constrangimento para uma apresentação. Ela começa a ficar envergonhada, os outros coleguinhas começam a observar e relatar, então sofre um certo bullying. Então, em um distúrbio geral de aprendizagem, isso interfere bastante".

A fonoaudióloga Renata Girão acrescenta ainda que a iniciativa é muito bem vinda por agilizar o processo de identificação do distúrbio, e ressalta que o aplicativo não tem a intenção de substituir os profissionais da área.

"O aplicativo facilita aquele professor saber se realmente é a hora de estar indicando para um fonoaudiólogo ou não. Eu tô torcendo bastante que esse aplicativo encontre patrocinadores para investir, porque ele não substitui nenhum profissional. Ele não vai substituir nem o professor, nem o fonoaudiólogo, ele está alertando se aquela criança está no período de procurar uma ajuda profissional".

Agora, a equipe de desenvolvimento do Fala Aí ganhou um novo membro, o também estudante de Design Digital Ruan Rocha, e trabalha para finalizar as atividades dos módulos restantes. O aplicativo tem previsão de lançamento para abril de 2019.

Reportagem de Fabrício Girão com orientação de Natália Maia e Carolina Areal

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