25/04/18

UFC oferta disciplina sobre Golpe 2016

A disciplina idealizada pelo professor Luis Felipe Miguel incentivou pelo menos 13 universidades no País a analisar os retrocessos do Governo Temer e a entender a deposição da ex-presidenta Dilma Rousseff (Foto: Agência Pública)

No início do ano, a Universidade de Brasília decidiu ofertar a disciplina Tópicos Especiais em Ciência Política: O Golpe de 2016 e o Futuro da Democracia no Brasil.

A disciplina idealizada pelo professor Luis Felipe Miguel incentivou pelo menos 13 universidades no País a analisar os retrocessos do Governo Temer e a entender a deposição da ex-presidenta Dilma Rousseff.

O Departamento do Curso de História da Universidade Federal do Ceará entrou com os trâmites legais necessários para tratar do acontecimento na disciplina optativa de Tópicos Especiais em História.

As aulas estão sendo ministradas de forma colaborativa por professores de história, direito e economia.

A professora do Departamento de História da UFC, Kenia Rios, leciona a disciplina e ressalta o papel da instituição na sociedade brasileira.

“A urgência é porque a gente precisa como universidade se posicionar frente aos acontecimentos políticos do País. A sociedade exige que a gente se posicione, que dê resposta, ajude a pensar e reflita o momento presente, então é obrigação da universidade se posicionar sobre o que está acontecendo no País.”

O programa da disciplina é dividido em quatro unidades tratando da leitura interdisciplinar sobre o golpe, a propaganda, censura e tortura no Brasil, além de intelectuais e governos autoritários e as lutas sociais pela democracia no tempo.

A demanda de estudantes pela disciplina, que foi aberta a outros cursos, foi significativa.

Sessenta vagas foram preenchidas e oitenta alunos permanecem na lista de espera.

O estudante do Curso de Ciências Sociais, Felipe Oliver, acredita que estudar esse momento histórico ajuda a compreender a atual conjuntura política e social dos dias atuais.

“Eu acredito que a importância se dá pela melhor compreensão do processo histórico que a gente está vivenciando atualmente, dessa forma permitindo enquanto cientistas sociais análises mais concretas a respeito da nossa história presente e do processo político que o golpe de 2016 desencadeou no país com todos os retrocessos que ele veio trazer, a reforma trabalhista, tentativa da reforma previdenciária e todos esses processos que está se dando agora com a prisão do ex-presidente Lula.”

Com a criação da disciplina, o Ministério Público Federal questiona a legitimidade da proposta.

De acordo com o Procurador Oscar Costa Filho, a disciplina deve atender os interesses da coletividade e o pluralismo de ideias.

Para o chefe do Departamento de História da UFC, professor Francisco Pinheiro, a disciplina cumpre a função da universidade em garantir o debate plural e democrático.

“O pensamento da universidade reflete o que a sociedade pensa, então nós temos vários departamentos, vários professores que pensam diferentemente e isso é o que faz a riqueza da universidade. Portanto, não estamos tolhendo o direito de ninguém, se alguém quiser fazer uma outra disciplina em outro departamento, fazer uma leitura exatamente ao contrário da nossa, isso é legítimo. Nós fazemos a leitura que acreditamos que é a leitura que aproxima da realidade brasileira”.

No dia 12 de abril, o vice-reitor da UFC Custódio Almeida e o professor Francisco Pinheiro compareceram à sede do Ministério Público em Fortaleza.

A UFC concordou em levar o debate da modificação do nome da disciplina “Golpe 2016” para o Departamento de História.

Reportagem de Karoline Sousa com orientação de Carolina Areal.

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