05/12/19

110 anos da educação profissional no Brasil

A Lei n° 11.892/2008 instituiu a Rede Federal de Educação Profissional e Tecnológica e criou os Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia (Foto: Reprodução/Internet)

A educação brasileira tem sido abordada constantemente ao longo de 2019. Os cortes no orçamento do ensino público e contrarreformas em Universidades Públicas e institutos federais, através do projeto Future-se, por exemplo, tem levado a debates sobre a temática. Apesar do cenário incerto, o trabalho da Rede Federal de Educação Profissional e Tecnológica mantém o fomento à qualificação profissional e de pesquisa aplicada.  

Neste ano, é celebrado os 110 anos da Rede Federal. Pensando nisso, o Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica (Conif), preparou uma campanha para homenagear o trabalho dessas Instituições. 

Jerônimo Rodrigues é presidente do Conif. Ele explica a função do Conselho e de que forma estão sendo feitas as comemorações: 

“O Conif tem o papel de articulador e, consequentemente, também de proposição de pautas políticas na educação profissional, científica e tecnológica. A campanha de 110 anos, ela tem várias vertentes, nós estamos trabalhando em cima de temas específicos, como: pesquisa aplicada, extensão e inovação."

Fazem parte dessa rede 38 Institutos Federais; dois centros federais de educação tecnológica (Cefets); 22 escolas técnicas vinculadas às universidades federais; e o Colégio Pedro II.  A campanha dos 110 anos da Rede Federal também conta com vídeo comemorativo, mobilizações de estudantes e servidores e a 2º edição do prêmio Conif de jornalismo. 

No Ceará toda a ação da Rede Federal é voltada para os Institutos Federais. A Plataforma Nilo Peçanha, responsável pela divulgação das estatísticas oficiais da Rede, divulgou que, em 2018,  foram ofertadas mais de 20 mil vagas em todo estado. 

Elenilce Gomes é professora do Instituto Federal do Ceará e coordenadora do Laboratório de Estudos do Trabalho e Qualificação Profissional (LABOR). Ela destaca as ações da Rede Federal:

"O papel da Rede Federal é importantíssimo nesse sentido, na qualidade da educação que oferta, dessa relação da educação técnica com a educação científica, com base científica, artista, cultural. Isso é muito importante, esse laço. E é o que predominantemente essas instituições conseguiram fazer, juntando essa base científica e técnica permitiu ao estudante uma condição de aprendizagem muito próxima do que os educadores têm buscado no contexto da discussão da educação."

A atuação desse modelo de ensino tem impactos marcantes nos alunos, como é o caso de Bárbara Afonso, que começou o curso  de química em outra universidade mas hoje é estudante de Saneamento Ambiental no Instituto Federal do Ceará.

"Eles são muito receptivos, o ambiente que nós estamos é totalmente diferente, que acho que as pessoas são mais prestativas, tentam ajudar mais, até mesmo os professores. Se eles veem que você tem dificuldade, eles tendem a te ajudar, oferecer aula extra... Tem professor meu que ele faz de tudo, se for pra ficar até depois do horário dele, ele fica, mas você tem que ir pra casa sabendo do assunto. Eu acho isso muito legal,muito legal mesmo."

Entre os projetos promovidos pelo IFCE podemos encontrar o da incubadora. Uma ação pedagógica que oferece suporte aos alunos e egressos de diversos cursos do campus de Fortaleza. Bárbara comenta sobre essa oportunidade:

"No IF, eles estimulam muito as empresas a terem convênio com eles, por exemplo, pros alunos saírem de lá pelo menos com estágio ou pelo menos com trabalho. Dentro do IF eles tem projeto com a incubadora, como se fosse uma filial da empresa dentro, assim temos mais contato com as empresas, podemos acompanhar algumas coisas... Acho isso muito legal, porque prepara mesmo de todas as formas que você imaginar."

Mais da metade das atividades da Rede Federal é voltada para o ensino técnico, que estão distribuídas entre as 661 escolas no Brasil. O presidente do Conif, Jerônimo Rodrigues fala sobre a importância desse tipo de capacitação.

"Que nós sofremos várias mudanças de denominações, mas não perdemos nossa origem, que é a formação para a educação profissional, formação de técnicos para atender o mundo do trabalho. A leia que cria os Institutos Federais nos impõe que temos que ofertar no mínimo 50% das vagas para os cursos técnicos profissionais, eu acredito que esse é o diferencial da nossa rede. Os outros 50%, nós atuamos nos outros níveis: formação de professores, graduação e pós-graduação, entre outras atividades."

Além da abrangência nacional, a Rede Federal tem parceria com mais de 30 países, gerando alternativas de intercâmbio para alunos e servidores que vão desde a graduação até pós doutorados. Assim, a Rede Federal mostra, há 110 anos, que com investimento na educação é possível garantir grandes resultados.

Reportagem veiculada na Rádio Universitária FM nos dias 02 e 04 de dezembro de 2019, às 15h51 e às 09h22 respectivamente.

Produção e Reportagem: Carolina Areal e Calianne Celedônio
Locução: Calianne Celedônio
Apresentação: Carolina Areal

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