04/11/16

Talles Azigon

 Foto: Camila de Almeida

Talles Azigon é, em primeiro lugar, poeta. O convidado desta semana da seção Entrevista do site da Rádio Universitária FM 107,9 não esconde a paixão que nutre pela palavra. Pelo contrário. Transborda a cidade em versos que desnudam o sentimento e a realidade crua que é a vida urbana.

Acho que é um pouco de ingenuidade achar que a pessoa escreve para ela mesma.

Graduado em Letras pela Universidade Federal do Ceará, Azigon é um poeta que não abriu espaço para o ócio. Como escritor, já publicou duas obras, Três Golpes d'Água e Maroriginal, pela editora cearense Substânsia, da qual foi co-fundador e onde trabalha como editor. Escreve também no blog tallesazigon.wordpress.com. É um dos organizadores do projeto Dragão das Letras, iniciativa do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura que promove mensalmente atividades literárias na capital cearense. Além disso tudo, Talles ainda é facilitador de oficinas de contação de histórias.

Contar história e dizer um poema para alguém ao vivo é transformador.

Talles engatinhou no mundo da poesia ainda criança, graças a Manuel Bandeira, sua grande inspiração para se aventurar no universo tenebroso da escrita. Foi em um desses acidentes musicais necessários na vida que ele entrou em contato pela primeira com a poesia marginal. Um dia, por acaso ouvindo O que não sou, canção do grupo carioca As Chicas, encantou-se com os versos de Cacaso recitados pela vocalista da banda momentos antes da apresentação:

Ah se pelo menos o meu pensamento não sangrasse
Se o meu coração não tivesse memória
Como seria menos linda e mais suave a minha história. (Cacaso)

Bateu aquela curiosidade. A inquietação levou Talles a pesquisar mais sobre a poesia marginal, que ganhou espaço no Brasil na década de 70, em plena ditadura militar, quando escritores como Paulo Leminski, Chacal e Cacaso investiram em uma literatura fora dos padrões acadêmicos e cânones literários, à margem da crítica especializada. Constituída de poemas de versos curtos produzidos manualmente e vendidos de mão em mão, a poesia marginal inspirou diversas artes, como a musical.

As pessoas acham que a poesia é careta, quadrada, que poesia é uma coisa antiga. Mas não é. Não é mesmo. A poesia marginal serviu para me mostrar isso, mas depois eu fui descobrindo que até um Gonçalves Dias, um Sousândrade é muito contemporâneo, mais do que a gente imagina.

Ouça a entrevista completa com o escritor cearense Talles Azigon*:

*Entrevista realizada nos estúdios da Rádio Universitária FM dia 8 de novembro de 2016.
Trilha sonora: Arlequim, de Ayrton Pessoa, com o Grupo Os Argonautas e Doraci, de Samuel Rocha, com o Grupo Murmurando.

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