12/09/16

Socorro Acioli

Foto/Divulgação

Mulher de cidade grande que pousa o coração no colo manso do sertão. Assim é Socorro Acioli, escritora cearense vencedora do Prêmio Jabuti de Literatura e convidada desta semana na seção Entrevista do site da Rádio Universitária FM 107,9 MHz.

Quem a vê de perto, sorridente no vestido florido, logo nota a fala segura e o olhar paciente de uma genuína contadora de histórias. A arte da imaginação, confessa, é herança da avó e das narrativas inacreditáveis que saem da boca da gente do interior cearense. Causos esses que são refletidos em seus trabalhos literários. Obras da autora como Ela tem olhos de céu (Melhor livro infantil, Prêmio Jabuti - 2013), com ilustrações de Mateus Rios, e A Cabeça do Santo abordam, de maneira bastante poética e peculiar, a seca, a cultura e os costumes nordestinos.

A leitora dentro de Socorro despertou cedo, ainda na infância, por culpa primária de Monteiro Lobato. "Na época, quando eu era criança, final dos anos 70 e começo dos anos 80 em Fortaleza, a gente não tinha opção de muitas livrarias e muito menos de livraria com um espaço com acervo voltado para criança. Então a opção eram os vendedores porta-a-porta. Foi um desses vendedores que levou até a minha casa a obra completa de Monteiro Lobato, que eu li toda. Então, o meu encanto com a leitura surgiu com as obras do Monteiro Lobato.", conta.

A carreira como escritora, no entanto, demorou a virar profissão. Apesar de ter escrito, aos 8 anos de idade, o livro infantil O Pipoqueiro João, e lançado ensaios biográficos de Frei Tito e Rachel de Queiroz na juventude, Socorro escolheu viver da escrita somente há cerca de 10 anos. A graduação em Jornalismo na Universidade Federal do Ceará e os posteriores mestrado e doutorado em literatura, segundo a escritora, não foram uma válvula de escape à carreira artística. Foram, antes de tudo, investimento. Para Socorro, o artista e a educação andam de mãos dadas.

"Eu acredito que qualquer profissão exige uma formação. Principalmente na carreira artística, que é uma coisa bastante controversa. Escuto as pessoas dizendo que o verdadeiro artista nasce com o dom e ele não precisa estudar. Concordo até a parte do dom. O artista nasce com o dom, e, se ele estudar, esse dom vai ser amplificado e melhorado. Todo artista precisa de estudo.", enfatiza a cearense, que chegou a ser aluna do escritor colombiano Gabriel García Márquez, em 2006, numa oficina de roteiros na Escola Internacional de Cinema e Televisão, em Cuba.

Confira a entrevista completa com Socorro Acioli para a Universitária FM*:

* Entrevista realizada em 18 de agosto de 2016, na residência da escritora, em Fortaleza (CE).

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