17/06/16

Mattu Macêdo – Culinária regional

 Foto: Divulgação

Filha de um caminhoneiro e uma quituteira, Matusaíla Aragão Macêdo nasceu no cheiro do bolo. Vinda de Macaraú, distrito de Santa Quitéria, Mattu, como é conhecida, traz consigo a lembrança do cheiro da pimenta preta pisada no pilão. Da casa ao colégio de freiras onde estudou, da faculdade de Filosofia ao emprego nos Correios, a chef sempre misturou seus trabalhos com a cozinha. Até que a cozinha virou seu próprio negócio.

Nesta semana, a seção Entrevista do site da Rádio Universitária FM traz uma conversa com Mattu Macêdo*, culinarista, professora do curso de Gastronomia da Universidade Federal do Ceará (UFC). Mattu é apresentadora do programa Tudo Por Elas, da TV Diário, no qual dá dicas de culinária para seus espectadores, que a acompanham desde o programa Nossa Cozinha, atração exibida durante 22 anos na TV Jangadeiro.

Frequentadora assídua dos minicursos oferecidos pelos supermercados onde comprava seus ingredientes, a professora, constantemente solicitada por colegas e clientes para tratar de urgências gastronômicas, viu na demanda uma oportunidade. Nesta época, a Fortaleza da década de 90 não contava com nenhuma escola de culinária. Foi nesse contexto que nasceu o Centro de Formação Gastronômica Mattu Macêdo, então o primeiro do Ceará.

"O que eu quero fazer é ensinar a cozinhar", explica Mattu sobre o que pensou no período em que começou a dar aulas. A partir daí, a culinarista aperfeiçoou seu talento com cursos pelo Brasil e mundo afora, emplacou seu próprio programa de televisão e participou de feiras internacionais. Porém, a cereja do seu bolo ainda estava por vir: a vaga de docente na UFC. "Você não imagina a minha felicidade, a minha alegria, de aos 50 anos, passar num concurso público para ser professora de Gastronomia, que é o que eu sempre quis", revela.

Com seus alunos, Mattu não erra a mão. A chef é entusiasta da culinária local, das comidas típicas, dos sabores originais, e leva essa bandeira para a aula. "É uma nova introdução do que era nosso na gastronomia", defende empolgada. Natural do interior, ela encontra apoio nas próprias memórias degustativas para contextualizar, aos seus alunos, os sabores originais de uma culinária que, segundo comenta, é particularmente suscetível ao que vem de fora, como é o caso da cearense: "Não podemos deixar perder [essa gastronomia] dentro da sala de aula".

Apaixonada pelo período das festas juninas, conhecido pela profusão de comidas típicas, a culinarista encara a época como um revival das nossas raízes. "Nessa época você vê que todo mundo corre para comer o pé-de-moleque, o bolo de milho, o bolo de macaxeira, a pamonha, a canjica, o mungunzá [...], as pessoas voltam às lembranças degustativas e têm a possibilidade de levar o filho", ressalta, reafirmando o papel da culinária na formação de uma identidade cultural e na preservação da memória de um povo.

Mas e quem quiser manter as raízes sem sair da dieta? Mattu tem uma uma receita: "Eu sigo uma regra - coma pouco pra comer de tudo e ser feliz".
Confira a entrevista completa a seguir:


*Entrevista realizada nos estúdios da Rádio Universitária FM no dia 8 de junho de 2016.

Deixe uma resposta

*