07/03/17

Grupo de Teatro Expressões Humanas

O espetáculo Orlando teve estreia em 2014 e foi baseado na obra da escritora inglesa Virginia Woolf. (Foto: Sol Coelho)

Fazer teatro é ter paixão e resistência. É se envolver com a poética do espaço cênico e com a poesia corporal do ator criador. É refletir o seu tempo, como diria Nina Simone. Com esse espírito artístico e difusor, em 2017, o Grupo Expressões Humanas completa 27 anos de atuação na cena teatral de Fortaleza (CE). No currículo já são dez espetáculos teatrais, uma circulação nacional, apresentações em Cabo Verde, na África, além do livro recém-lançado Grupo Expressões Humanas - Estética, Ética e Poética no trabalho de 25 anos. Sobre a trajetória e a luta do Grupo Expressões Humanas, nós conversamos esta semana na seção Entrevista do site da Rádio Universitária FM com a diretora Herê Aquino e a atriz e produtora Marina Brito.

O primeiro trabalho do grupo nasceu em 1991, Anárquico Velho Mundo Novo, que ganhou prêmios de melhor atriz e melhor sonoplastia na XIII Mostra de Teatro Amador de Fortaleza (CE). Em seguida, foi a vez do espetáculo infantil Dom Poder e a Revolta da Natureza levar o grupo para a sua primeira apresentação fora do Ceará. A partir daí, o Expressões Humanas iniciou um processo de pesquisa e de montagem de grandes obras literárias de autores consagrados como Guimarães Rosa, Mario de Andrade, Clarice Lispector, João Cabral de Melo Neto e Virginia Woolf. Espetáculos como Morte e Vida Severina, Larilá Macunaíma Saravá! e Encantrago Verde Rosa um Sertão conferiram vários prêmios e reconhecimento para o grupo na cena teatral cearense. "No caso do Expressões Humanas, a montagem começa quando você é instigado por um texto, só depois é que paramos para criar a dramaturgia e a cena vai nascendo. A escrita é a partir da cena", explica a diretora e uma das fundadoras do grupo Herê Aquino.

A instalação da sede do grupo foi outro marco importante na trajetória de sucesso do Expressões Humanas. A primeira sede veio em 2010 e possibilitou transformar o trabalho em algo mais profissional e, assim, permitir que o grupo interagisse com a cidade e com outros artistas. "A sede concentrou esse lugar de trabalho, de criação e isso foi muito importante para o desenvolvimento do teatro de grupo em Fortaleza", acrescenta a atriz e produtora Marina Brito.

Toda essa conscientização política do Expressões Humanas vem da sua forte atuação na cena artística local e na luta por políticas públicas que possam contemplar as demandas dos grupos da cidade. Segundo Herê Aquino, muita coisa mudou de 1990 para cá, mas as políticas públicas estão longe de serem o ideal para movimentar a arte na cidade e no estado. "Muito foi conseguido graças a conscientização dos próprios artistas. Nós entendemos que o teatro é um estimulador da cultura e um criador de consciência. O artista tem que olhar para o humano e para a sociedade, não podemos estar a par disso. Nosso papel é provocar essa sociedade", declara Herê.

Para narrar um pouco das experiências e vivências do Expressões Humanas, o grupo lançou em fevereiro deste ano o livro Grupo Expressões Humanas - Estética, Ética e Poética no trabalho de 25 anos. O grupo foi um dos seis contemplados com o prêmio do edital Funarte de 2015. A obra conta ainda com críticas teatrais e depoimentos do público. "O livro mostra como era fazer teatro em 1990 até 2015, fala também da questão ética no teatro, de como fazer um teatro que você acredita, apostando em uma pesquisa que você acredita. O livro é um marco para o grupo", celebra Herê. A obra pode ser adquirida na sede do Expressões Humanas, que fica localizada na rua Floriano Peixoto, 1437, das 14h às 19h. O livro também está disponível na lojinha do Theatro José de Alencar e pode ser encomendado pela página do Grupo Expressões Humanas no facebook.

Para 2017, o grupo estuda uma nova montagem que deve abordar a luta pela Terra e pela territorialização dos povos indígenas que desejam se afirmar enquanto sujeitos históricos – portadores de demandas políticas e de direito reconhecidos pelo Estado brasileiro, mas que na prática são negados sistematicamente.

Ouça a entrevista completa sobre a trajetória do Grupo Expressões Humanas*:

*Entrevista realizada no estúdio da Rádio Universitária FM em 22 de fevereiro de 2017.

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